terça-feira, 26 de maio de 2009

Dia Perfeito

Por Talita Kibaiasse

O celular começa a tocar, o radio relógio desperta e a cama não me permite levantar. Uma voz vem da sala, invade o corredor e chega ao meu quarto em bom e alto som “levanta Talita, você já está atrasada”. Então, eu sempre acho que posso ficar mais cinco minutinhos, mas tenho apenas vinte minutos para tomar banho, me trocar,me maquiar e arrumar minha mochila com as coisas que usarei no trabalho e na faculdade.

Tomo aquele banho mega rápido, saio do banheiro, tomo um suco ou como algo enquanto me troco, arrumo as minhas coisas e desço para enfrentar mais um dia de trabalho. No caminho entre a minha casa e o metrô termino de me arrumar, passo uma sombra, um batom e as vezes um corretivo para disfarças as olheiras.
Quando chego à estação, subo as escadas e já escolho a catraca com a fila menor e entro no primeiro vagão que consigo. Passo exatos vinte e cinco minutos sofríveis na companhia agradabilíssima de pessoas mal-cheirosas da estação Corinthians-Itaquera até a estação Sé.

Como nem tudo na vida é fácil, ao desembarcar na estação Sé, tenho que compartilhar do calor humano da linha azul do metrô até a estação Carandiru, onde eu preciso ainda pegar um ônibus para descer após três pontos.

Ao chegar na empresa, rezo para que a minha impressão digital “funcione” corretamente para que eu consiga abrir a primeira porta e bater meu ponto no horário correto ou pelo menos com no máximo cinco minutos de atraso.

Acabo de sentar na minha mesa, nem liguei meu computador e sempre vem um atendente, algum supervisor ou alguém pedir para eu ver uma nota, além disso encontro vários bilhetinhos, que não são de amor, no meu teclado. Olho com aquela cara de quem passou grande parte da noite fazendo trabalho, ficou horas no MSN discutindo relação e acordou atrasada com os berros da mãe e falo:
- Deixa a nota aqui que depois eu olho
-Não, mas o cliente está gritando, preciso que você me dê uma posição agora!
- Ah, se ele quer posição incentive-o a comprar um livro de Kamasutra!

Ah, chega né? Além de passar tanto tempo no transporte publico maravilhoso de São Paulo, ainda tenho que me aborrecer logo pela manhã?
Consigo finalmente abrir todo o meu sistema, na minha caixa de e-mails há mais de mil e quinhentos e-mails não lidos e quando clico no enviar/receber brotam mais aproximadamente quatrocentos correios eletrônicos.
Passo a manhã toda respondendo e-mail, atualizando planilha, dando previsão de estoque aos clientes, conversando com a minha vizinha de mesa e me estressando com os atendentes que não entendem que eu sou só uma.

Finalmente o relógio aponta 12h30 e por uma hora posso ficar longe da minha mesa, desço com a minha amiga, troco idéias, desabafo, dou risada, almoço e como tudo que é bom dura pouco, voltamos ao trabalho.

Após o almoço torna-se quase impossível trabalhar, a preguiça e o sono habitam o meu corpo, o cérebro se lembra de amores mal resolvidos, dos trabalhos de faculdade, das conversas do MSN, dos passeios, mas não quer de forma alguma se lembrar dos inúmeros e-mails que ainda restam no Outlook.

Passo o resto da tarde comendo bolacha,engordando, solicitando previsão de estoque, me enervando com os malditos atendentes e levando algumas broncas dos superiores. No finalzinho da tarde olho de minuto em minuto para o relógio do computador, penso que ele está errado e então confiro as horas no celular, mas não tem jeito, ainda faltam dez minutos para poder ir embora. Passado esses dez minutos, que mais parecem quinhentas horas, junto minhas coisas, saio correndo e quando estou na metade do caminho me lembro que esqueci o caderno em cima da mesa, pego o ônibus cheio, me esforço para descer próximo a empresa, subo morrendo e vergonha e resgato meu caderno.

Chego então na faculdade, converso um pouco com os meus amigos, as vezes tento ler mais um capitulo do meu livro, mas a professora chega.
Faço o possível para prestar atenção, mas acabo me lembrando de alguma situação que aconteceu ao longo do dia, como não sou egoísta, divido este acontecimento com a amiga da frente.
A professora não colabora, desliga a luz e liga o data show, desse jeito ela força a amizade, mesmo querendo e muito assistir a aula, não consigo, meu corpo grita por uns minutos de descanso, meus olhos fecham contra a minha vontade e depois de algum tempo uma mão me cutuca informando que a aula já está no final.
Nesta hora me sinto uma idiota, trabalho o dia todo em algo que consome as minhas energias para conseguir manter a minha vida de universitária e quando estou na aula, ao invés de aproveitar as informações, encosto na parede e durmo.

Levanto, dou uma volta e me preparo para o segundo período, pareço mais animada, mas o estomago pede por comida. Olho para uma amiga e comento que estou com fome e ela sente a mesma coisa, como universitário vive sem dinheiro, juntamos todas as moedas que tínhamos e ao todo somamos R$5.25, ela sai da sala, vai ao tio do hot-dog e compra um pra mim e um pra ela, volta pra sala e então devoramos o lanche enquanto escrevemos algum texto.

A vida de estudante é legal, mas após as 22h, eu não quero mais saber de nota, reportagem, hiperlink, matéria, resenha, sinopse ou qualquer coisa que me faça pensar demais. Finalmente dá o horário de ir para a casa, a lista começa a passar e ela se torna o objeto de desejo de todos os alunos, muitas vezes as pessoas até discutem por ela.

Novamente enfrento o conforto do transporte publico e chego a minha residência, tomo um banho decente, como um iogurte, uma fruta ou o que tiver na geladeira e passo algumas horas na frente do computador tentando adiantar algum trabalho e acabo dormindo na companhia do notebook.

domingo, 24 de maio de 2009

o dono Carrão em bronze e argamassa


Em uma praça da zona leste de São Paulo encontra-se um monumento esquecido pelos moradores da Vila Carrão




Por Talita Kibaiasse








Céu azul, calor, pouco vento em um sábado do outono paulistano. Alguns carros passam, mas poucos pedestres circulam pela praça quinze de outubro. ”Não faço idéia de quem foi o Conselheiro Carrão, a única coisa que sei é que tem uma avenida importante com este nome e uma estatua naquela pracinha alí”, aponta a aposentada Maria Yamamura para a estatua cinza, feita de bronze e argamassa por Adilson Charles dos Santos em 1992 chamada de Conselheiro João José da Silva Carrão.




A vila Carrão recebeu este nome em homenagem ao Conselheiro Carrão, assim como a avenida principal do bairro, pois as terras que hoje são habitadas pelos aproximados 78.175 moradores do bairro.


Cercada de terra e algumas árvores, a estátua é quase imperceptível, muitos moradores e comerciantes da região nem sabem o quão importante ela é para o bairro e muito menos a historia do Carrão.



A obra é composta apenas pela cabeça e o tronco do homenageado em cima de uma caixa de concreto com três placas de alumínio identificando a obra e informando os colaboradores.
As margens do córrego Aricanduva o jornalista, advogado e 32º presidente da província de São Paulo, nomeado em 1865, cultivava mais de quinze mil pés de uva de diversos tipos e se tornou um dos primeiros a fabricar vinho nesta província e por isso chegou a hospedar, em 1876, o Imperador Dom Pedro II para que ele pudesse experimentar as uvas e o vinho.


Próximo a sombra das arvores, dividida entre uma avenida se encontra a banca de jornal do senhor Pedro Dias, que há anos vende jornais, revistas e gibis para os moradores do local. “As pessoas não se importam muito com esta estátua, mas mesmo assim acho que ela traz um ar diferente para a avenida, além de homenagear a pessoa que deu origem ao nosso bairro”, desabafa o jornaleiro.


O casal Marta Kynobuchi e Yasuo Sakane atravessam a praça tranquilamente para chegar à lotérica e informam que são moradores do bairro desde 1995 e só se mudaram para a Vila Carrão porque queriam se juntar com a colônia japonesa do local e participar dos eventos que a Associação Cultural Recreativa e Esportiva do Carrão (acrec) realiza. “Eu nunca li o que está escrito nestas plaquinhas, sempre achei bonita, acho que faz a diferença nessa pracinha, mas não sabia que nela havia o rosto do senhor Carrão”, disse Marta antes de atravessar a rua.
Conforme a prefeitura de São Paulo, o bairro passou a existir oficialmente em 1916, pois após a morte do Conselheiro Carrão o dentista Gomes Barreto comprou as terras e fez loteamento transformando-as em um bairro de classe média alta no meio da zona leste paulistana.
E mesmo com a frase “Ao comércio, indústria, entidades de classes, estabelecimentos de ensino, etc. Nossa gratidão Povo da Vila Carrão” na lateral da estátua, poucos sabem quem foi o senhor Conselheiro João José da Silva Carrão.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Repórter da revista Caros Amigos se apresenta no Unisant'Anna


Marcos Zibordi dá palestra aos estudantes do terceiro e quinto semestres de jornalismo e alguns convidados

O jornalista Marcos Zibordi, repórter da revista Caros Amigos e professor da Universidade Bandeirantes (UNIBAN) se apresentou para alunos do terceiro, quinto e sétimo semestres do curso de jornalismo e para um aluno do quarto semestre do Centro Universitário Sant'Anna (UniSant’anna) e falou sobre jornalismo alternativo, surgimento da revista Caros Amigos e muitas vezes falou dos conceitos que tem desta profissão.

Durante a palestra Zibordi conseguiu prender a atenção dos alunos se expressando a todo momento de forma informal, porém abordando temas importantes. “Marcos me fez gostar ainda mais do jornalismo, pois me tirou da cabeça aquela ideia de muita formalidade na profissão, gostei deste jeito engraçado, estilo de se vestir, cabelo e do jeito que ele fala” disse a consultora financeira e estudante do terceiro semestre de jornalismo, Monique Cunha.

O repórter contou sobre o dia a dia da revista Caros Amigos, das dificuldades para fazer uma matéria e de suas experiências na área. “ A Caros Amigos não tem imparcialidade, nem lide e cada repórter é responsável pelo que escreve” disse Zibordi.

“Zibordi mostrou que entende muito sobre conceitos jornalísticos, deu seu ponto de vista referente a vários assuntos e o mais legal é que ele é muito espontâneo” disse a assistente administrativa e estudante do terceiro semestre Andressa Freire do Amaral. Professor da UNIBAN, ele também informou que não importa onde o profissional se forma, mas sim a qualidade das reportagens que ele produz.

Quase no final da apresentação, o palestrante foi questionado sobre a obrigatoriedade em obter diploma para exercer o oficio de jornalista e respondeu de forma clara informando que não é contra o curso de jornalismo, mas que é contra o diploma. “Na faculdade se aprende como fazer um lide, os conceitos do jornalismo, mas para escrever em um caderno de economia o jornalista tem que entender de economia ” disse o repórter após responder a pergunta do aluno.

A palestra teve aproximadamente duas horas e acabou após Zibordi cantar a música Rap é compromisso do rapper Sabotagem (assassinado em 2003) e receber muitos aplausos dos alunos.

Por Talita Kibaiasse