quarta-feira, 22 de abril de 2009

Escrevo...

Escrevo para aliviar a dor
Escrevo para me esquecer do amor
Escrevo para melhorar o dia
Escrevo para espalhar alegria
Escrevo quando não sei falar
Escrevo quando só quero chorar
Escrevo com emoção
Escrevo por paixão
Mas nunca escrevo só por obrigação

domingo, 12 de abril de 2009

Entrevista com Real do Nunca

Samuel Gomes Carlvalho, 19, estudante de analise de sistemas da Universidade Castelo Branco (Unicastelo) e cantor de rap. Reside na zona leste de São Paulo, é mais conhecido como Real do nunca e busca um espaço como músico.
Real do nunca lançará em breve seu primeiro disco “O nunca” que possui duas faixas (Mar de inspiração e Ama memo?) no myspace.


Como surgiu o seu nome artístico "Real"?
Na realidade de uma batalha de rimas, mas sempre gostei desse lance de "ser real", só nunca tinha parado pra pensar em me nomear com algo tão próximo disso.

Onde busca inspiração para suas músicas e como se identifica com elas?
Como a maioria dos músicos, busco inspirações no que vivo e em minhas raízes. Identifico-me com cada letra escrita, pois isso tudo nada mais é do que eu, minha cara e meu caráter.


Há duas músicas suas disponíveis em seu myspace e percebe-se que você faz um rap diferente do comum, pois não fala de drogas, criminalidade e violência. Como você se esquiva dessas coisas e busca de um espaço na música?
Eu procuro sempre pregar o que vivo e o que sou no que escrevo, se eu não uso drogas, não pratico violência nem cometo crimes, seria hipocrisia minha falar sobre os que fazem isso. Para esquivar de tudo isso basta me manter o natural possível.

Em um trecho da música Mar de inspirações você diz: "Um insano vagabundo no papel se torna incrível" qual a mensagem tenta passar através disso?

Com essa frase quero dizer que todos nós somos capazes de fazermos o que queremos, pois nada que é possível para um homem é impossível para outro. Creio que um homem julgado insano pela sociedade sem nenhum bem material no papel se torna um artista memorável.


Qual sua maior dificuldade para conseguir correr atrás de seus sonhos musicais? Há algum outro sonho?

As maiores dificuldades mesmo além da financeira é a falta de incentivo das pessoas próximas que desacreditam da minha capacidade, isso muitas vezes me deixou pra baixo e quanto aos outros sonhos, nenhum outro no momento, por enquanto estou bem focado nesse, para não me perder.

Você sofre alguma discriminação na rua por estilo ou modo de ser?

Sim, tanto por estilo quanto por modo de ser, isso acontece muito.

E o que você faz pra que isso não te afete?
Eu separo as coisas e dispenso o que é desnecessário na minha evolução musical. No começo é meio complicado, pois você fica meio "encanado" com aquilo, mas depois vê que não passam de comentários.

Onde costuma se apresentar, deixar suas idéias e seus sons?
Geralmente nas casas culturais, oficinas de literaturas, shows organizados por amigos e algumas casas de eventos.

Acreditar em seus sonhos pode ser a maior arma para vencer todas as barreiras encontradas em sua vida?
Sim se eu não acreditar em mim, se quer poderei sonhar. Não dá para ficar parado, quem dorme sonha, quem trabalha realiza.



Por: Talita Kibaiasse

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Até o fim...


Quando eu era criança tinha um amigo que era como irmão mais velho, ele era aproximadamente sete anos mais velho, mas por mais que a gente brincasse e ele me fizesse companhia, eu queria ter um irmão de sangue. Pedia constantemente para a minha mãe um irmão, não queria uma irmã, pois ela poderia ocupar o meu lugar de única filha, única neta, única sobrinha e isso não seria nada bom.
Minha mãe me ouviu, engravidou, mas depois de alguns meses perdeu o bebê, um bebê que mesmo eu tendo apenas quatro anos já amava. Lembro-me muito bem do dia em que ela o perdeu, lembro da cara do médico, da expressão de tristeza dos meus pais, da dor física que ela sentiu para conseguir expelir os restos da criança de seu ventre e das minhas lagrimas.
Depois de um bom tempo meus pais decidiram que queriam mesmo ter mais uma criança e então a minha mãe novamente engravidou, fiquei super feliz, acompanhei todo o pré-natal, fui às compras para escolher as roupas do bebê, falava para todos que eu teria um irmão, mesmo sem saber se era menino ou menina. Na noite do dia quatorze de janeiro de 1993 meus pais foram para o hospital, eu fiquei em casa e a minha vizinha ficou cuidando de mim. Então, na madrugada do dia quinze o meu irmão nasceu, mas ele teve que ficar no hospital para tomar banho de luz, fui buscar a minha mãe no hospital e voltamos para a casa sem o bebê, passei a noite toda chorando, eu era criança, não entendia o que estava acontecendo, não sabia que era normal uma criança mestiça ter que tomar banho de luz. Entretanto, no outro dia ele teve alta, então fui com meus pais e a minha ex-tia buscá-lo. Com certeza foi um dos dias mais felizes da minha vida, aquela cara gorda era a coisa mais linda que eu já tinha visto, era o primeiro dia que o vi, mas parecia que já nos conhecíamos há anos.
Como nem tudo é perfeito, os meses passaram e eu comecei a sentir ciúmes, achava que perderia o amor da minha família, que tudo que recebi nos seis anos de minha existência seria transferido para aquela criança. Um dia derrubei-o da cama e comecei a chorar, queria matá-lo, mas tinha medo de apanhar, então chorei mais do que ele para que a minha mãe ficasse com dó de mim. Me lembro também que uma vez derrubei-o dentro do carro, comecei a odiá-lo e nem notava que por mais importante que fosse, ele jamais me substituiria para as pessoas que me amavam, pois amor não se divide, não se subtrai, amor apenas se soma e ele era tão amado quanto eu.
O Victor, sim este é o nome dele, começou a crescer, as brigas aumentaram, a raiva também aumentava, mas um dia estávamos no interior e um menino idiota quis bater nele perto de mim, não pensei duas vezes e fui pra cima do menino, bati muito nele, pois por mais que eu falasse que odiava o meu irmão, no fundo sabia que eu o amava e que era minha obrigação protegê-lo. Quando estava na pré adolescência, ele me irritava muito, me atrapalhava nas conversas com as minhas amigas, contava tudo que eu fazia para os meus pais e eu tinha que namorar escondido.
Na fase da minha adolescência era pior ainda, comecei a sair, a trazer algumas pessoas para a minha casa e ele não entendia o porquê eu gostava tanto das pessoas que não tinham meu sangue e o desprezava tanto, quando trouxe um namorado para casa, ele tinha muito ciúmes, fazia um inferno nas nossas vidas, me irritava a ponto d’eu falar constantemente o quanto o odiava e o quanto desejava sua morte.
O tempo passou, as minhas decepções vieram, o Victor cresceu, as brigas diminuíram e eu percebi que ele era importante demais na minha vida, cada vez gostava mais de conversar com ele, mas ainda me irritava bastante. Alguns amigos se foram, o namorado me deixou, alguns colegas me decepcionaram e ele sempre esteve ao meu lado, sem interesse algum, nunca precisei dar presentes, dinheiro ou tratá-lo bem, ele apenas gostava de mim.
Quando criança meu pai dizia que eu tinha que me dar muito bem com ele, pois um dia seriamos só nós dois, que quando fossemos adultos e não mais tivéssemos nossos pais vivos, teríamos que nos apoiar um no outro. Graças a Deus, não precisei perder meus pais para entender isto, mas percebi que ele faz parte de mim, vejo muito de mim nele e muito dele em mim. O Victor é com certeza o melhor irmão que eu poderia ter, não o trocaria por nada e nem ninguém, ele é alguém que consegue me entender mesmo quando eu não quero falar nada, alguém que faz parte da minha vida, do meu mundo e que eu não saberia viver sem.
O meu irmão é sem dúvida alguma, uma das pessoas mais especiais da minha vida, alguém que eu me preocupo, que eu desejo o bem, que as vezes me decepciona, outras me dá conselhos, muitas me orgulha e que mora para sempre no meu coração. Por toda a eternidade será muito amado, pois existe ex-amigo, ex-colega, ex-mulher, ex-namorado, ex-marido, mas não existe ex-irmão e para sempre tudo que eu puder fazer para o bem dele, farei sem pensar em mais nada, pois ninguém neste mundo consegue o substituir.
Jamais imaginei escrever este texto, nunca pensei que ele ocuparia um lugar tão imenso no meu coração, que eu me alegraria com cada música que ele aprende a tocar, com cada nota alta que ele consegue tirar, com cada manobra de skate que ele aprende a dar, que ficaria feliz por ele encontrar uma namorada linda e que o ama de verdade, por vê-lo correr atrás das coisas que deseja e que me orgulharia tanto em dizer aos demais que ele é o meu irmão, o irmão que só eu tenho e terei para todo o sempre.

Sofrimento, o mau necessário.

O sofrimento é visto por todos como algo ruim, ninguém gosta de sofrer, porém as pessoas não enxergam que é somente através do sofrimento que o ser humano aprende e evolui. É também no sofrimento que conseguimos enxergar os nossos defeitos e o quanto somos dependentes das ações das outras pessoas. A ilusão é a principal causa do sofrimento, pois se não encararmos a realidade da vida de frente e preferirmos viver com as falsas verdades, sempre haverá um dia que por forças circunstanciais a realidade virá à tona e o sofrimento será maior. Todavia, o sofrimento nos conduz a uma porta de reflexão fazendo-nos enxergar com um maior senso crítico o motivo que estamos passando por ele, bem como analisar maneiras de que, caso a situação venha a se repetir, podermos evitá-lo. Dizer que o sofrimento é de todo um mal, pode ser um equívoco, pois quantos necessitaram sentir em sua própria carne situações que seriam de deboche, se o ocorrido fosse com outra pessoa? Quantos precisaram chorar para ter alguém que enxugasse cada lágrima da dor que estávamos passando? Quantos precisaram passar por sofrimento para receber o apoio confortável que buscavam por um longo tempo? Podemos citar Jesus Cristo para argumentarmos que o sofrimento faz bem ao ser humano, pois o filho de Deus sofreu a traição de um de seus discípulos, apanhou de todas as formas, teve que carregar a cruz para sua própria morte e durante o caminho ainda apanhou mais um pouco – conforme imagens do filme Paixão de Cristo – e quando estava pendurado na cruz suplicando por misericórdia divina teve que aguardar Deus recolher sua alma, mas foi através de todo o sofrimento de Jesus Cristo que todos os cristãos receberam a dádiva da vida eterna. Sendo assim, podemos concluir que é através do sofrimento que o ser humano se revela com maior verdade e consegue evoluir a ponto de saber enfrentar os obstáculos mais complicados.

terça-feira, 7 de abril de 2009

O lado "B" do Jd. Ângela.

Em entrevista coletiva a jornalista Roseli Loturco conta a historia da ONG (organização não governamental) Papel Jornal que há dez anos desenvolve diversos processos jornalísticos no Jardim Ângela com jovens da periferia. A ONG foi fundada por jornalistas incomodados com a exclusão social que os jovens enfrentavam.
O objetivo da ONG é ensinar jornalismo aos alunos, desenvolver a criatividade e ajudá-los a se manter longe do tráfico, pois a entidade acredita no processo educacional como meio de promoção do exercício da cidadania e da democracia. A jornalista se especializou na área de economia, porém também escreve em outras áreas.
Conforme a jornalista, a primeira turma foi formada por jovens que não sabiam organizar idéias, mas que eram críticos e tinham noção da realidade que vivem. A grande maioria era da rede publica de ensino, pessoas pobres e alguns tinham envolvimento com o tráfico de drogas. Os primeiros textos foram escritos fora do padrão jornalísticos e sempre eram revisados antes da publicação. Entretanto, depois de muito esforço, o jornal ficou pronto, o primeiro trabalho realizado teve o título de desabafo, pois os alunos relacionaram este tema à superação e reorganização.
Roseli diz que os alunos aprendem como fazer um lead, como estruturar uma informação, fazer uma pesquisa aprofundada e a co-relação da periferia com a realidade. Em sua opinião seria interessante se este projeto se espalhasse por outros bairros, porém atualmente a colaboração financeira é limitada.
Os alunos escolheram como tema do próximo projeto “a crise econômica mundial”, isto deixou Roseli muito feliz, pois além de ser um tema de seu interesse, será também um desafio para os alunos. As aulas acontecem de segunda a quarta-feira tendo duração de duas horas por dia.