domingo, 24 de maio de 2009

o dono Carrão em bronze e argamassa


Em uma praça da zona leste de São Paulo encontra-se um monumento esquecido pelos moradores da Vila Carrão




Por Talita Kibaiasse








Céu azul, calor, pouco vento em um sábado do outono paulistano. Alguns carros passam, mas poucos pedestres circulam pela praça quinze de outubro. ”Não faço idéia de quem foi o Conselheiro Carrão, a única coisa que sei é que tem uma avenida importante com este nome e uma estatua naquela pracinha alí”, aponta a aposentada Maria Yamamura para a estatua cinza, feita de bronze e argamassa por Adilson Charles dos Santos em 1992 chamada de Conselheiro João José da Silva Carrão.




A vila Carrão recebeu este nome em homenagem ao Conselheiro Carrão, assim como a avenida principal do bairro, pois as terras que hoje são habitadas pelos aproximados 78.175 moradores do bairro.


Cercada de terra e algumas árvores, a estátua é quase imperceptível, muitos moradores e comerciantes da região nem sabem o quão importante ela é para o bairro e muito menos a historia do Carrão.



A obra é composta apenas pela cabeça e o tronco do homenageado em cima de uma caixa de concreto com três placas de alumínio identificando a obra e informando os colaboradores.
As margens do córrego Aricanduva o jornalista, advogado e 32º presidente da província de São Paulo, nomeado em 1865, cultivava mais de quinze mil pés de uva de diversos tipos e se tornou um dos primeiros a fabricar vinho nesta província e por isso chegou a hospedar, em 1876, o Imperador Dom Pedro II para que ele pudesse experimentar as uvas e o vinho.


Próximo a sombra das arvores, dividida entre uma avenida se encontra a banca de jornal do senhor Pedro Dias, que há anos vende jornais, revistas e gibis para os moradores do local. “As pessoas não se importam muito com esta estátua, mas mesmo assim acho que ela traz um ar diferente para a avenida, além de homenagear a pessoa que deu origem ao nosso bairro”, desabafa o jornaleiro.


O casal Marta Kynobuchi e Yasuo Sakane atravessam a praça tranquilamente para chegar à lotérica e informam que são moradores do bairro desde 1995 e só se mudaram para a Vila Carrão porque queriam se juntar com a colônia japonesa do local e participar dos eventos que a Associação Cultural Recreativa e Esportiva do Carrão (acrec) realiza. “Eu nunca li o que está escrito nestas plaquinhas, sempre achei bonita, acho que faz a diferença nessa pracinha, mas não sabia que nela havia o rosto do senhor Carrão”, disse Marta antes de atravessar a rua.
Conforme a prefeitura de São Paulo, o bairro passou a existir oficialmente em 1916, pois após a morte do Conselheiro Carrão o dentista Gomes Barreto comprou as terras e fez loteamento transformando-as em um bairro de classe média alta no meio da zona leste paulistana.
E mesmo com a frase “Ao comércio, indústria, entidades de classes, estabelecimentos de ensino, etc. Nossa gratidão Povo da Vila Carrão” na lateral da estátua, poucos sabem quem foi o senhor Conselheiro João José da Silva Carrão.

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