quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O passeio em Ouro Preto que acabou em tragédia

Após oito anos, o assassinato brutal da estudante Aline Soares Silveira continua sem resposta




Por Talita Kibaiasse




Em 14 de outubro de 2001 a estudante Aline Silveira Soares, 18 anos, foi encontrada nua, de pés cruzados, braços abertos e morta no cemitério da Igreja Nossa Senhora da Mercês em Ouro Preto, Minas Gerais.
Aline foi brutalmente assassinada com 17 facadas. Desde o início a polícia suspeita que o crime aconteceu em uma simulação de um ritual de magia negra durante um jogo de RPG (Role Playing Game). O RPG é jogado por um grupo de pessoas que interpreta uma história, geralmente segue as regras de livros e todas as decisões são tomadas na hora da partida, o jogo faz o participante ler, criar histórias, pensar e decidir o final.

A vítima estava em Ouro Preto com sua prima Camila Dolabella, para participar da famosa festa do Doze, que é realizada no dia 12 de outubro pelas repúblicas locais para comemorar o aniversário da escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto. Camila e Aline chegaram em 11 de outubro de 2001 na cidade turística e se hospedaram na República Sonata, onde moravam: Edson Poloni Lobo de Aguiar, Cassiano Inácio Garcia e Maicon Fernandes Lopes. Os três estudantes citados e a prima da vítima foram os suspeitos pelo crime.
Conforme o jornal Folha de São Paulo, a polícia encontrou livros de RPG e alguns indícios, no quarto dos acusados, de que o crime foi baseado no livro Vampiro – A Máscara.
Em abril de 2006 a juíza decretou a prisão de Camila e os demais acusados, pois considerou a comoção dos moradores de Ouro Preto e a crueldade do assassinato. Entretanto, todos aguardaram o julgamento em liberdade, pois entraram com um recurso. O julgamento estava agendado para maio de 2009, porém foi adiado para 1º de julho, devido à ausência de advogados de três dos quatro acusados.
No TJ –MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) os quatro acusados foram julgados entre os dias 1 e 5 de julho deste ano. Durante este período de quase quatro dias, o Júri ouviu as testemunhas de defesa e acusação, além de ouvir o depoimento dos quatro jovens supostamente envolvidos no crime. Testemunhas da defesa informaram que os réus não possuíam envolvimento com RPG, não praticavam rituais macabros e não tinham relação alguma com satanismo. A professora aposentada Maria José Silveira Soares, mãe da vitima, deu um depoimento emocionado após aguardar oito anos pelo julgamento e disse que os réus “não se defendem, só acusam”.
Em 3 de julho, os acusados negaram participação no crime. Edson Poloni Lobo de Aguiar, 27, afirmou ser inocente e disse que também quer justiça. Ele atualmente é vendedor e reside em Vitória, capital do Espírito Santo. O apicultor Cassiano Inácio de Aguiar, 28, alega não ter envolvimento com o caso e informa que não sabe porque foi acusado. “Estou no banco dos réus por incompetência da polícia”, argumenta Cassiano ao dizer que o suposto envolvimento de RPG com o assassinato foi a única linha de investigação que a polícia de Ouro Preto seguiu. Maicon Fernandes Lopes, 27, também se declarou inocente e disse que não era um jogador de RPG. A última acusada a depor foi a prima de Aline, Camila Dolabella Silveira, 26, que alegou não ter participado do crime e não conhecer os réus antes das acusações. Ela também informa que não sabe se eles têm ou não envolvimento com RPG e que a última vez que viu Aline foi na festa do doze antes da estudante desaparecer. Após oito anos de espera, pela família de Aline e a dos réus, o Tribunal do Júri absolveu os quatro acusados de matar a filha da senhora Maria José Silveira Soares por insuficiência de provas e o caso ainda continua uma incógnita para a justiça.

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